corte, recorte,
encaixe.
num lance bate certo,
noutro bem menos do que isso.
viro, reviro...
torno a virar.
não é,
mas soa-me a canção popular.
torno a virar.
não é,
mas soa-me a canção popular.
ora graves, ora agudos
são estes os ângulos
aqui e além obtusos
de tantos instantes fixados
para mais tarde
recordar
com o teu ou o meu olhar.
são milhares
os fragmentos da imagem (im)perfeita
construída
em tempos de duvidoso azulcinza.
olho para um deles,
aqui bem perto de mim,
aqui bem perto de mim,
e logo me ocorre
o sabor daquele escorrido beijo
entre doiradas searas
há tantos anos acontecido.
vejo outro mais além.
devagar arrasto a mão até ele:
são tépidas as águas salgadas
em que, sereno, mergulho
e me fundo
até ao fundo do teu ser.
ali, quase no centro de todas as peças,
num outro retalho,
ficam as pétalas brancas do jasmim.
transportam no ar, ainda,
estas folhas,
o suave e doce aroma
da tua pele
até mim.
na penumbra do final de tarde,
agarro e tacteio
mais uma peça.
num segundo apenas,
desliza-me entre os dedos
o calor do teu corpo
sob aquela manta xadrez
de pura lã de Cachemira.
de pura lã de Cachemira.
corto,
recorto e encaixo mais uma e outra vez.
recorto e encaixo mais uma e outra vez.
passa o tempo devagar.
tão simples de terminar,
este obsessivo puzzle
não pára nunca
para se fixar.
imagem: Magali van de Wiele
John Coltrane - I see your face before me
para um poema lindo, uma canção igualmente tocante (pelo menos eu espero que goste )
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ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=9Q7Vr3yQYWQ&feature=related
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