desço o rio
de teus braços abandonados,
devagar.
sem pressas
te percorro da nascente
à foz do meu olhar.
afogo-me na corrente de teus abraços
por entre as margens desse curso agitado,
remexido, revolvido,
assente em leito irregular.
não páro nunca de te beijar.
em rio aberto
ouço-te um rumor claro
de um amparo
e nado a descoberto
ao encontro de um tesouro raro.
já sem ar, sem fôlego,
e sem respirar
imerjo outra vez em ti
antes mesmo de tudo acabar e,
de novo, pela última vez
te beijar.
imagem: Henri de Toulouse-Lautrec
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